O tricampeão mundial de surfe Gabriel Medina, 28, decidiu não viajar para o Havaí, onde ocorrerão as duas primeiras etapas da temporada 2022 da WSL (World Surf League) a partir de sábado (29).
Em nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, Medina disse que a decisão visa preservar sua saúde física e mental e foi uma das mais difíceis que já tomou.
"Por mais que eu queira estar na água surfando e competindo, eu não estou bem física e emocionalmente para isso. E reconhecer que cheguei ao limite tem sido um processo duro. No final do ano passado, eu lesionei o meu quadril. Desde então, estava fazendo fisioterapia, tomei a vacina e venho me cuidando para estar bem para neste ano. No entanto, ainda não estou 100%", afirmou.
"Somado ao corpo vem a mente, que também não está na melhor fase. Venho de meses desgastantes. E eu preciso olhar para mim neste momento e me cuidar. Para quem não está bem, tomar uma decisão como essa não é fácil", completou.
O nome de Medina já constava nas chaves sorteadas do evento de abertura. Sem o atual campeão, o circuito mundial começará na tradicional onda de Pipeline. Logo na sequência, a partir de 11 de fevereiro, terá a segunda etapa em Sunset Beach. A terceira parada será em Peniche (Portugal), com início previsto para 13 de março.
Após cinco eventos, haverá um corte no número de participantes, e apenas 22 dos 34 competidores fixos continuarão na elite até a décima etapa, em agosto. Depois disso, os cinco mais bem classificados disputarão a final em Lower Trestles, na Califórnia, em setembro.
O tricampeão não colocou uma data para voltar a competir. "A saúde física é muito importante, mas a saúde mental é tão importante quanto. Não tem como estar 100% se uma não está alinhada com a outra. Eu já estou me tratando, cuidando mesmo de mim, e vou priorizar a minha saúde neste momento. Estou empenhado e focado para voltar bem e encontrar vocês assim que eu estiver pronto."
O tema da saúde mental tem ganhado cada vez mais destaque no esporte. No ano passado, a ginasta americana Simone Biles, maior estrela das Olimpíadas de Tóquio, abriu mão de disputar a maioria das provas durante os Jogos para preservar seu corpo e sua mente. O caso teve enorme repercussão.
Medina também falou sobre seu momento em uma publicação no Instagram e citou uma "montanha russa de emoções dentro e fora da água".
Em 2021, o brasileiro um desempenho fora de série na WSL e chegou ao seu terceiro título mundial. Vencedor também em 2014 e 2018, ele entrou em um restrito grupo de tricampeões e ficou atrás apenas do norte-americano Kelly Slater, que soma 11 títulos, e do australiano Mark Richards, pentacampeão.
Mas no último ano o paulista também esteve envolvido em tantas controvérsias que chegou a ficar em segundo plano seu excepcional desempenho no mar.
O campeonato foi o primeiro que o atleta de São Sebastião disputou longe de Charles Saldanha, o padrasto que sempre chamou de pai. O casamento com a modelo Yasmin Brunet não foi bem recebido pela família do surfista, e o então bicampeão resolveu trocar a presença constante de Charles pelos conselhos do renomado treinador australiano Andy King.
Medina foi acumulando finais e construindo uma vantagem enorme na liderança do circuito, mas suas notas elevadas perderam espaço no noticiário para sua briga com o COB (Comitê Olímpico do Brasil).
Por restrições ligadas à pandemia do novo coronavírus, ficou acertado que cada surfista só poderia levar uma pessoa aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Gabriel bateu o pé na tentativa de que Yasmin fosse sua acompanhante, porém teve de viajar sem a mulher após uma negociação desgastante em que acabou derrotado.
No Japão, o brasileiro conseguiu ótimas ondas e avançou às semifinais do primeiro torneio olímpico do surfe na história, mas foi derrotado pelo japonês Kanoa Igarashi. Na disputa pelo bronze, perdeu de novo. E, enquanto Italo Ferreira comemorava o ouro, Medina e, especialmente, Yasmin esbravejam por discordar das notas aplicadas pelos juízes.
Terminados os Jogos, nova controvérsia. Medina anunciou que não competiria na etapa do Taiti do Mundial porque não tinha se vacinado contra a Covid-19, o que impedia sua viagem. Criticado pela escolha de não se imunizar, o brasileiro acabou não perdendo evento porque ele não aconteceu: como outros na temporada, foi cancelado por razões ligadas à pandemia do novo coronavírus.
Posteriormente, o atleta reconheceu que errou, defendeu a vacinação nas redes sociais e disse que buscaria se imunizar.
Veja a nota divulgada pela assessoria de imprensa de Gabriel Medina
Em respeito à imprensa e aos meus fãs, que sempre me apoiaram, eu preciso ser honesto com vocês. Essa foi uma decisão difícil, acredito que uma das mais difíceis que já tomei. Eu vou me ausentar das primeiras etapas de 2022. Por mais que eu queira estar na água surfando e competindo, eu não estou bem física e emocionalmente para isso. E reconhecer que cheguei ao limite tem sido um processo duro. No final do ano passado, eu lesionei o meu quadril. Desde então, estava fazendo fisioterapia, tomei a vacina e venho me cuidando para estar bem para esse ano. No entanto, ainda não estou 100%. Somado ao corpo vem a mente, que também não está na melhor fase. Venho de meses desgastantes. E eu preciso olhar para mim nesse momento e me cuidar. Para quem não está bem, tomar uma decisão como essa não é fácil. Eu me questionei mil vezes se eu deveria me expor ou não. Se eu comunicaria apenas que não competiria por meio de uma nota oficial mais formal…Mas eu não acho justo. E porque também não tenho motivos para esconder. A saúde física é muito importante, mas a saúde mental é tão importante quanto. Não tem como estar 100% se uma não está alinhada com a outra. Eu já estou me tratando, cuidando mesmo de mim, e vou priorizar a minha saúde nesse momento. Estou empenhado e focado para voltar bem e encontrar vocês assim que eu estiver pronto. Desde já eu agradeço a atenção, a compreensão e o carinho dos meus fãs, da imprensa e o respeito dos meus patrocinadores. Obrigado & Abraços. Gabriel Medina.
Gabriel Medina desiste de competir na abertura da temporada da WSL - Folha
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