Todos esperavam que Simone Biles colocasse seu nome na história, nas Olimpíadas de Tóquio, pelos resultados esportivos. Mas, nesta terça-feira (27), ao abandonar a final por equipes da ginástica artística, competição que tem um enorme peso simbólico para a modalidade e para os Estados Unidos, ela deixou claro o recado de que nada é mais importante do que sua própria saúde mental, no que tende a ser um marco para o esporte.
"Eu senti que elas precisavam avançar sem mim e elas fizeram exatamente isso. Foi uma longa jornada olímpica, foi um longo ano. Depois da apresentação que fiz, não queria ir para os outros aparelhos, então quis dar um passo para trás, pensar na minha saúde mental", disse Biles em uma longa conversa com jornalistas após a prova.
"Sempre que você entra em uma situação de alto estresse, você meio que enlouquece. Tenho que me concentrar na minha saúde mental e não colocar em risco minha saúde e bem-estar. É uma bosta quando você está lutando com sua própria cabeça. Você quer fazer isso por si mesmo, mas ainda fica muito preocupada com o que todo mundo vai dizer", afirmou.
Tentando explicar o que sente, mostrou-se desconfortável no papel de si mesma. "Eu simplesmente não confio em mim tanto quanto antes. E não sei se é a idade, mas fico um pouco mais nervosa quando faço ginástica. Sinto que também não estou me divertindo tanto quanto antes."
Biles disse que amanhã (28) vai ter um dia de folga e pensar no que fazer nos próximos dias, não garantindo a continuidade na competição pela qual tanto esperou e que tanto esperou por ela. "Vamos passar um dia de cada vez e ver o que acontece", alegou.
A melhor ginasta da atualidade saiu da prova depois de uma apresentação ruim no salto, em que teve a pior nota de partida e também a pior nota de execução entre americanas e russas, que estavam na mesma rotação. Ela deixou o ginásio por alguns minutos e voltou de agasalho.
Aos jornalistas, contou que não se sentiu bem. "Eu estava me sentindo muito confortável no aquecimento, não sei bem o que aconteceu, mas estou lutando com algumas coisas", afirmou. A comissão técnica também disse que ela estava bem.
"Eu acho que a saúde mental é mais prevalente nos esportes agora. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos. Tem certos dias em que todo mundo tuíta sobre você e você sente o peso do mundo. Não somos apenas atletas, somos pessoas e às vezes você só tem que dar um passo para trás", alegou.
Sem Biles, os Estados Unidos perderam a invencibilidade de oito anos na competição por equipes, que determina quem tem a ginástica artística feminina mais poderosa do mundo. A equipe terminou em segundo, com a prata, atrás do time da Rússia.
Mas ela tem outras provas para disputar. A principal delas daqui a dois dias, na manhã de quinta-feira (29) no Brasil (7h50), é a final do individual geral, que determina a ginasta mais completa. Biles passou à final em primeiro, com a brasileira Rebeca Andrade na segunda colocação.
Além disso, Biles está em três finais por aparelho, nos habituais solo, salto e trave, mas essas finais acontecem apenas na semana que vem.
Simone Biles prioriza saúde mental e coloca em dúvida final contra Rebeca - UOL
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