A Bundesliga possui uma coleção de histórias sensacionais em rodadas finais. Ao longo de 59 edições do campeonato desde sua criação, em 1963/64, 25 viram o campeão ser coroado apenas no último compromisso. Há de tudo: títulos decididos no saldo de gols, confrontos diretos no último jogo, reviravolta com gol nos acréscimos, três equipes concorrendo paralelamente, clubes atrapalhando (ou até ajudando) seus rivais a levarem a Salva de Prata. E mais um capítulo especial se adicionará neste sábado, com a corrida paralela entre Borussia Dortmund e Bayern de Munique. Os aurinegros têm dois pontos a mais na liderança, após a ultrapassagem na rodada anterior, com a grande chance de quebrar o decacampeonato dos bávaros. Para tanto, precisam fazer sua parte contra o Mainz 05. Ao Bayern, resta derrotar o Colônia e torcer contra o BVB, já que um empate dos concorrentes é suficiente pela vantagem dos alvirrubros no saldo de gols. Vai ser de arrepiar.
Aproveitando a deixa, recontamos o que aconteceu em todas as edições da Bundesliga em que a Salva de Prata só conheceu seu dono na última rodada. Vale lembrar que o antigo Campeonato Alemão até 1962/63, ainda regionalizado, contava com uma decisão em sua fase nacional. Já os pontos corridos emplacaram mesmo a partir de 1963/64, e com doses frequentes de insanidade. A maior parte dessas rodadas finais emocionantes aconteceu até a primeira metade dos anos 1990, quando as vitórias valiam somente dois pontos. Com os três pontos por triunfo, o cenário se alterou um pouco a partir de 1995/96 – mas, ainda assim, algumas das maiores reviravoltas aconteceram justamente neste período. Aproveite:
1964/65: O Werder Bremen cumpre a missão e destrona o Colônia
Primeiro campeão da era Bundesliga, o Colônia não teve problemas para confirmar a Salva de Prata em 1963/64. Os Bodes estrelados por Hans Schäfer e Wolfgang Overath asseguraram o título com duas rodadas de antecipação. A emoção na rodada decisiva da Bundesliga começou na segunda temporada, em 1964/65. O Colônia se mantinha no páreo, mas o favorito na reta final era o Werder Bremen. Os Papagaios vinham na liderança desde o início do segundo turno e, com dois pontos de vantagem sobre os Bodes, além de três gols a mais no saldo, precisavam de apenas um empate na rodada derradeira. Foi com emoção, mas o Bremen cumpriu sua parte com os 3 a 2 na visita ao Nuremberg, enquanto o Colônia empatou por 2 a 2 fora de casa na visita a um forte Borussia Dortmund. Embora os alviverdes tenham buscado a virada na Baviera, em nenhum momento chegaram a perder a dianteira na tabela. Terminaram com três pontos a mais que os concorrentes e o troféu inédito em mãos. Entre os destaques do Bremen estavam o zagueiro Horst-Dieter Höttges, o goleiro Günter Bernard e o volante Max Lorenz, jogadores de Copa do Mundo com a Alemanha. Já o gol do título foi anotado por Sepp Piontek, futuro treinador lendário da Dinamarca. Um detalhe é que aquela foi a segunda e última edição da Bundesliga com 16 times, diante da ampliação para 18 equipes em 1965/66.
1965/66: No confronto direto da penúltima rodada, o 1860 deslancha
Os postulantes ao título da Bundesliga mudaram na temporada 1965/66. Um trio principal despontou na tabela: 1860 Munique, Borussia Dortmund e o recém-promovido Bayern de Munique. E a penúltima rodada seria importantíssima na definição dos rumos. O Bayern se despediu de suas chances ao ser goleado em casa pelo Colônia. Já no antigo Estádio Rote Erde, aconteceu o confronto direto que botou o 1860 na dianteira da tabela. Os Leões conseguiram derrotar o Dortmund em plena casa dos concorrentes, por 2 a 0, gols de Rudolf Brunnenmeier e Peter Grosser. Com isso, depois de uma sequência de dez rodadas em que o BVB liderou, o 1860 Munique assumia a liderança com dois pontos de vantagem, além de três gols a mais no saldo. No compromisso final, um empate bastaria para os bávaros e foi isso que eles buscaram. Ficaram no 1 a 1 diante do Hamburgo em Grünwalder. Pior é que o Dortmund sequer ganhou, tomando de 4 a 1 na visita ao Eintracht Frankfurt. Terminaram em quarto, atrás de Bayern e Werder Bremen. O consolo dos aurinegros é que eles já tinham vencido a Recopa Europeia naquela temporada, em decisão contra o Liverpool. A forte equipe do 1860, no único título alemão de sua história, tinha entre seus destaques ofensivos o trio formado por Friedhelm Konietzka, Rudolf Brunnenmeier e Peter Grosser, enquanto Bernd Patzke era a estrela na defesa. O plantel ainda contava com dois iugoslavos, o goleiro Petar Radenkovic e o meio-campista Zeljko Perusic.
1966/67: Braunschweig supera a concorrência de Frankfurt e 1860
Pela terceira temporada consecutiva, a definição do campeão da Bundesliga só aconteceu na última rodada. O Eintracht Braunschweig passou a maior parte do tempo na dianteira, mas chegou na rodada final com apenas dois pontos à frente de Eintracht Frankfurt e 1860 Munique. Destes, com um gol a menos no saldo, o Frankfurt era quem mais tinha chance de estragar a festa, após ocupar brevemente a liderança a três partidas do fim. Entretanto, tudo conspirou a favor do Braunschweig para a confirmação de seu único título no compromisso final. Os auriazuis receberam o Nuremberg e golearam por 4 a 1, quando o empate bastava. Já o Frankfurt sequer terminou com o vice, pois perdeu diante do 1860 na visita a Munique. As Águias ainda seriam ultrapassadas pelo Dortmund, novo terceiro colocado, que goleou o Bayern no último jogo. O atacante Lothar Ulsass era a grande estrela do Braunschweig campeão inédito e teve uma curta passagem pela seleção alemã, assim como Klaus Gerwien, Erich Maas e Horst Wolter – este, goleiro reserva do Nationalelf na Copa de 1970.
1970/71: O Bayern sucumbe contra o Duisburg e o Gladbach leva
No final da década de 1960, a rivalidade entre Bayern e Borussia Mönchengladbach já tinha se estabelecido no topo da Bundesliga. Eram os times mais fortes, recheados por vários jogadores da seleção. As duas potências levaram um título cada em 1968/69 e 1969/70. Já em 1970/71, seria a vez de protagonizarem uma disputa ferrenha. O Gladbach passou 14 rodadas na primeira colocação, até deixar a ponta escapar depois do penúltimo compromisso. O Bayern ultrapassou, mas somente no saldo de gols. Goleou o Braunschweig por 4 a 1, enquanto o Gladbach fez 4 a 3 no Rot-Weiss Essen. As duas equipes foram para a rodada final com 48 pontos, mas 40 a 39 para os bávaros no saldo. Pois aqueles eram outros tempos, em que o Bayern sucumbiu. Desfalcada por Gerd Müller, a equipe de Udo Lattek visitou o nono colocado Duisburg e perdeu por 2 a 0, gols de Rainer Budde no segundo tempo. O Gladbach seria bem mais firme e garantiu o título com os 4 a 1 sobre o Eintracht em Frankfurt. As Águias corriam riscos mínimos de rebaixamento àquela altura e não seguraram os Potros, que consolidaram a vitória com três gols depois dos 25 do segundo tempo – quando o Bayern já perdia seu duelo paralelo. Jupp Heynckes anotou dois gols, enquanto Günter Netzer e Horst Köppel completaram o passeio. Bicampeão, o Gladbach ainda reunia outras lendas do clube com passagens pela seleção, como Berti Vogts, Wolfgang Kleff, Klaus-Dieter Sieloff, Herbert Wimmer, Peter Dietrich e Rainer Bonhof. No banco, o não menos lendário Hennes Weisweiler.
1971/72: O Bayern vence a “final” contra o Schalke no Olímpico
O Bayern de Munique não demorou a dar sua volta por cima. Os bávaros voltaram a sonhar com a Salva de Prata em 1971/72, temporada na qual o Gladbach ficou para trás. O concorrente da vez era o Schalke 04. E seria uma corrida que consagrou a mística do Bayern naquele período imponente do clube. O esquadrão de Munique assumiu a liderança a nove rodadas do fim, mas acompanhado de perto pelo Schalke, que havia sido ultrapassado. O Duisburg de novo voltou a atrapalhar, a seis rodadas do fim, com a única derrota do Bayern num momento em que todo mundo que aparecia pela frente acabava pulverizado. Isso permitiu que o Schalke chegasse à rodada final um ponto atrás. Com um detalhe: os dois concorrentes se pegavam no último compromisso. O jogo era ainda mais especial por ser o primeiro duelo oficial dos bávaros no Estádio Olímpico de Munique, inaugurado um mês antes e que receberia as Olimpíadas logo depois. O empate bastaria para a confirmação do título do Bayern. O que se viu, entretanto, foi um show digno daquele esquadrão, com os 5 a 1 no placar. Johnny Hansen e Paul Breitner marcaram no primeiro tempo, antes que Klaus Fischer descontasse na segunda etapa. Porém, o baile teve forma com os tentos de Willi Hoffmann, Uli Hoeness e Franz Beckenbauer na reta final. Aquela temporada foi a dos 101 gols do time de Udo Lattek e dos 40 tentos de Gerd Müller na artilharia, além dos 11 a 1 sobre o Dortmund. Isso sem contar a profusão de lendas – como Sepp Maier, Beckenbauer, Schwarzenbeck, Breitner, Franz Roth e Uli Hoeness.
1976/77: Numa rodada de “clássicos”, o Gladbach frustra o Schalke
Enquanto o Bayern vivia seus louros com o tri da Copa dos Campeões, o Borussia Mönchengladbach teve seu tri na Bundesliga. E o terceiro título desta sequência foi o mais suado, só resolvido na rodada final. O Gladbach tinha passado o campeonato quase inteiro na primeira colocação, mas o Schalke 04 ainda estava dois pontos atrás rumo ao último compromisso, e só com um gol de desvantagem no saldo. Dava para sonhar, sobretudo porque os Potros encarariam justamente o “clássico” contra o Bayern – embora os bávaros viessem no meio da tabela e tivessem perdido a hegemonia continental com a eliminação para o Dynamo Kiev nas quartas de final da Champions. Apesar da rivalidade que existia, o Gladbach se garantiu com os 2 a 2 no Estádio Olímpico. Jupp Heynckes e Uli Stielike abriram a contagem, enquanto Gerd Müller descontou e Hans-Jürgen Wittkamp só empatou aos 45 do segundo tempo. Ao Schalke, restou o consolo de ter fechado a campanha com a vitória por 4 a 2 no clássico contra o Borussia Dortmund, com dois gols de Klaus Fischer em Gelsenkirchen. O Gladbach já era treinado por Udo Lattek àquela altura. Ainda preservava figuras como Bonhof, Vogts, Köppel e Wimmer, mas também acrescentava Allan Simonsen, ganhador da Bola de Ouro naquela temporada.
1977/78: O Gladbach enfia 12 a 0 e nem isso passa o Colônia no saldo
Uma das rodadas mais famosas da história da Bundesliga, pela maneira como tudo se definiu. O Borussia Mönchengladbach estava em busca do tetra. Seu oponente era o Colônia, o maior rival. A liderança era dos Bodes desde o primeiro turno, mas uma derrota para o Eintracht Frankfurt a quatro rodadas do final permitiu que o Gladbach igualasse a pontuação. Os dois times chegaram ao último compromisso com os mesmíssimos 46 pontos, com uma confortável vantagem de dez gols no saldo para o Colônia. Confortável apenas na teoria, porque os Potros fizeram de tudo para tentar exterminá-la. O Gladbach protagonizou a maior goleada da história da Bundesliga: enfiou 12 a 0 sobre o Borussia Dortmund. O show no Rheinstadion teve seis gols em cada tempo. Jupp Heynckes, na última partida de sua carreira, anotou nada menos que cinco gols. O problema dos Potros é que o Colônia encarava o lanterna St. Pauli no Millerntor. Apesar da pressão pelas notícias que vinham do Reno, os Bodes ganharam por 5 a 0 em Hamburgo. A diferença no saldo se reduziu bem no primeiro tempo, quando Heinz Flohe marcou o gol solitário do Colônia. Foi na segunda etapa que a goleada tomou forma, com dois tentos de Yasuhiko Okudera, além de outro de Flohe e um de Bernd Cullmann. Graças a isso, o Colônia foi campeão com os mesmos 48 pontos do Gladbach, mas três gols a mais no saldo. Hennes Weisweiler era o treinador do elenco que tinha vários jogadores da seleção alemã: Harald Schumacher, Gerhard Strack, Herbert Zimmermann, Harald Konopka, Bernd Cullmann, Heinz Flohe, Dieter Müller e Hannes Löhr. O japonês Yasuhiko Okudera e o belga Roger van Gool eram outros destaques. Vale salientar também que os 12 a 0 geraram consequências severas no Dortmund, 11° colocado. O técnico Otto Rehhagel foi demitido no dia seguinte, enquanto os jogadores receberam multas. Apesar das suspeitas, a investigação da federação alemã nunca comprovou a manipulação do resultado – algo negado também pelo Gladbach. Alguns jogadores alvinegros até viram de maneira positiva o vice, “para que não duvidassem de sua índole”.
1979/80: O Bayern encerra a seca após ultrapassar o Hamburgo
O Hamburgo tinha chegado ao título da Bundesliga na temporada anterior. Era um candidato forte ao bicampeonato, com uma equipe que reunia nomes como Kevin Keegan, Felix Magath e Horst Hrubesch. Todavia, os Dinossauros não conseguiram se desgarrar na liderança. Ficaram mais rodadas na primeira colocação, mas se alternando com o Bayern de Munique. A penúltima rodada, neste sentido, foi decisiva. O Hamburgo perdeu na visita ao recém-promovido Bayer Leverkusen por 2 a 1. Graças a isso, o Bayern ficou dois pontos à frente, com um saldo de três gols a mais, depois da vitória sobre o Stuttgart. E os bávaros não deixariam a Salva de Prata escapar na rodada final, para encerrar o jejum que vinha desde 1973/74. Os alvirrubros bateram o Eintracht Braunschweig no Estádio Olímpico por 2 a 1, gols de Paul Breitner e Karl-Heinz Rummenigge. Terminaram dois pontos à frente, independentemente dos 4 a 0 do Hamburgo sobre o Schalke. Breitner e Rummenigge eram as lideranças daquele Bayern em renovação, treinado por Pál Csernai, que ainda reunia destaques como Klaus Augenthaler, Walter Junghans, Wolfgang Dremmler, Branco Oblak e Dieter Hoeness.
1981/82: O Hamburgo retoma o cetro sem dar margem ao Colônia
O Hamburgo levou mais duas temporadas, após o bicampeonato do Bayern, para recuperar a Salva de Prata. Os bávaros, no entanto, perderam o fôlego naquela reta final de 1981/82, muito por conta de uma dramática vitória dos Dinossauros por 4 a 3 em Munique – quando os visitantes perdiam por 3 a 1 até os 24 do segundo tempo. O HSV vinha de 12 rodadas na dianteira e, no último duelo, apenas o Colônia tinha condições de ultrapassá-lo. Os Bodes tinham um bom time dirigido por Rinus Michels, mas o empate por 4 a 4 com o Eintracht Braunschweig na penúltima rodada tornou uma reviravolta quase impossível: o Hamburgo foi para o último jogo com dois pontos à frente e 15 gols a mais de saldo. Os Dinossauros vinham de empates frequentes e se valeram dos 3 a 3 contra o Karlsruher, em que cederam a igualdade mesmo depois de abrirem três gols no Volksparkstadion. O Colônia sequer ganhou, ao tomar a virada por 4 a 3 diante do Kaiserslautern em casa. Ernst Happel era o comandante daquele Hamburgo, que trazia o veterano Franz Beckenbauer, no último título da carreira. O destaque maior ficava com Horst Hrubesch, Felix Magath, Uli Stein, Ditmar Jakobs, Manfred Kaltz e Holger Hieronymus, além do dinamarquês Lars Bastrup.
1982/83: O Hamburgo vence a corrida com o rival Bremen
O Hamburgo se colocava como o competidor mais forte pela Bundesliga, na temporada em que também conquistou a Copa dos Campeões. A novidade como ameaça era o rival Werder Bremen, que voltara da segunda divisão na temporada anterior, com um trabalho consistente do redimido Otto Rehhagel. Os Papagaios vinham em grande sequência de vitórias na reta final, enquanto os Dinossauros empatavam mais, mas com uma liderança preservada desde o fim do primeiro turno. As duas equipes entraram na rodada final com os mesmos 50 pontos, mas vantagem de cinco gols no saldo para o HSV – muito graças, veja só a ironia, aos 5 a 0 para cima do Borussia Dortmund que, cinco anos antes, havia demitido Rehhagel pelos 12 a 0. Durante a rodada final, o Bremen ficou na liderança por três minutos, no início do segundo tempo. Foi o momento em que o time buscava a virada nos 3 a 2 contra o Bochum, antes que o Hamburgo consolidasse os 2 a 1 contra o Schalke, lutando contra o rebaixamento, em Gelsenkirchen. Horst Hrubesch fez o primeiro e Wolfram Wuttke empatou antes do intervalo. No início da segunda etapa, Wolfgang Rolff anotou o gol do título do HSV. Após a saída de Beckenbauer, Rolff tinha sido exatamente o principal acréscimo ao time de Ernst Happel, ao lado do dinamarquês Allan Hansen.
1983/84: Stuttgart leva no saldo, mesmo ao perder o confronto direto
A Bundesliga 1983/84 teve quatro times na briga pela Salva de Prata. O Stuttgart foi quem permaneceu na liderança de forma mais consistente, com as perseguições de Hamburgo, Borussia Mönchengladbach e Bayern. Na penúltima rodada, os bávaros se despediram das chances com o empate diante do Dortmund. Já o Stuttgart era favoritíssimo, especialmente depois de derrotar o Werder Bremen por 2 a 1 no Weserstadion e dos 2 a 0 sofridos pelo Hamburgo em casa diante do Eintracht Frankfurt. Graças àquele resultado, os suábios lideravam com 48 pontos, dois a mais que Hamburgo e Gladbach, além de uma vantagem de +9 no saldo sobre os Dinossauros e +17 sobre os Potros. A chance de uma reviravolta dependia do Hamburgo, que pegava o próprio Stuttgart no Neckarstadion durante a rodada final. O HSV até venceu por 1 a 0, mas o gol de Jürgen Milewski pouco adiantou. Desta maneira, o Stuttgart levou o título no saldo, mesmo empatado com os 48 pontos de Hamburgo e também de Gladbach – que vencera o Arminia Bielefeld, por 3 a 0. Campeão pela primeira vez desde 1952, aquele Stuttgart tinha uma defesa muito forte, liderada pelos irmãos Karlheinz e Bernd Förster. Guido Buchwald e Günther Schäfer eram outros bons nomes atrás, com o goleiro Helmut Roleder. Já o destaque ofensivo ficava para Karl Allgöwer, acompanhado pelo islandês Ásgeir Sigurvinsson e pelo sueco Dan Corneliusson.
1984/85: O Bayern deixa o Bremen na saudade, com ajuda do BVB
O Bayern de Munique iniciou uma nova dinastia a partir de 1984/85, num momento em que o Werder Bremen era sua ameaça mais costumeira. E mesmo que o título daquela temporada tenha se concluído apenas na última rodada, os bávaros ocupavam a liderança de forma ininterrupta desde a segunda partida. Os alvirrubros engataram uma sequência invicta no último mês da campanha, o que garantia uma diferença de dois pontos para cima dos alviverdes antes da última partida, com um saldo ainda favorável de dois gols para o Bayern. Além do mais, a chance de zebra era muito menor, com a visita dos bávaros ao lanterna Eintracht Braunschweig na rodada final. Dieter Hoeness marcou o gol do título, na vitória por 1 a 0. Que nem precisava acontecer, ainda mais com a derrota do Werder Bremen por 2 a 0 na visita ao Borussia Dortmund dentro do Westfalenstadion. O Bayern tinha a volta de Udo Lattek à casamata, com Augenthaler, Dremmler e Dieter Hoeness entre os remanescentes dos títulos anteriores. Também chegaram Lothar Matthäus, Norbert Eder, Hans Pflügler, Norbert Nachtweih, Roland Wohlfarth, Raimond Aumann e Michael Rummenigge, além do belga Jean-Marie Pfaff e do dinamarquês Soren Lerby.
1985/86: O Bayern passa Bremen na rodada final e é campeão no saldo
A disputa entre Bayern de Munique e Werder Bremen voltou a se repetir na temporada seguinte. E com muito mais emoção na definição do campeão. Desta vez, era o Bremen quem liderava quase que de forma ininterrupta desde o comecinho do campeonato. O time de Otto Rehhagel, porém, começou a abusar dos tropeços na reta final do segundo turno. Inclusive, o Werder Bremen poderia ter sido campeão por antecipação na penúltima rodada, ao receber o Bayern no Weserstadion. Para tanto, bastava a vitória. Todavia, as duas equipes não saíram do 0 a 0 – num jogo em que Michael Kutzop, do Bremen, mandou um pênalti na trave aos 44 do segundo tempo. O resultado mantinha a vantagem dos alviverdes dois pontos à frente, mas com um saldo dois gols superior para os alvirrubros em caso de igualdade. E sem que os Papagaios matassem o bicho-papão, uma reviravolta aconteceu na rodada final. O Bremen, que só precisava de um empate no último jogo, perdeu para o Stuttgart no Neckarstadion. Karl Allgöwer foi o algoz nos 2 a 1 dos suábios, com um gol aos 22 minutos da primeira etapa e outro aos sete minutos do segundo tempo. Manfred Burgsmüller ainda descontou ao Bremen aos 34 da etapa final, mas o time não conseguiu ir além. Nem a presença do artilheiro Rudi Völler adiantou. Enquanto isso, Munique era uma festa. O Bayern goleou o Borussia Mönchengladbach por 6 a 0. Roland Wohlfarth e Dieter Hoeness marcaram dois cada, enquanto Lothar Matthäus e Reinhold Mathy complementaram o espetáculo. O Bayern de Udo Latter era bicampeão, no saldo. Os bávaros lideraram em apenas uma das 34 rodadas: justamente a final.
1990/91: O Kaiserslautern oscila, mas encerra a sequência do Bayern
A Bundesliga teve uma onda de campeões por antecipação no fim da década de 1980. O Bayern completou seu tri, o Werder Bremen finalmente levou o troféu em 1987/88, os bávaros voltaram ao topo com um bi. Somente em 1990/91 é que a rodada final voltou a ser decisiva, e com um time diferente no topo da tabela. O Kaiserslautern estava pronto para encerrar o reinado do Bayern, então dirigido por Jupp Heynckes. Os Diabos Vermelhos assumiram a liderança a 12 rodadas do fim, com a vitória no confronto direto. Na penúltima partida, o Kaiserslautern perdeu em casa para o Borussia Mönchengladbach por 3 a 2, o que adiou a confirmação do título. Mas não era uma missão difícil, com dois pontos à frente do Bayern, por mais que o saldo dos bávaros fosse dez gols superior. Os Diabos Vermelhos precisavam de um empate na última rodada para não dar margem ao erro e venceram com autoridade. Mesmo fora de casa, amassaram o Colônia por 6 a 2. Marco Haber e Bernhard Winkler fizeram dois gols em 14 minutos, enquanto a expulsão de Hansi Flick entre os Bodes facilitou. Winkler e Haber fariam mais um cada, enquanto Thomas Dooley e Markus Schupp também deixaram os seus. O Bayern sequer ganhou e ficou três pontos atrás, com os 2 a 2 diante do rebaixado Bayer Uerdingen. Karl-Heinz Feldkamp treinava o Kaiserslautern que tinha Stefan Kuntz e Bruno Labbadia no ataque, além de importantes estrangeiros – o tchecoslovaco Miroslav Kadlec, o americano Thomas Dooley, o dinamarquês Bjarne Goldbaek e o iugoslavo Demir Hotic. Aquele foi o primeiro título dos Diabos Vermelhos desde 1953.
1991/92: O Stuttgart busca uma virada insana e é campeão no saldo
A Bundesliga 1991/92 foi a única na história da competição a contar com 20 participantes, em decorrência da queda do Muro de Berlim e da absorção dos antigos clubes da Oberliga da Alemanha Oriental. Por isso, a disputa se estendeu até as 38 rodadas. E foi uma das edições mais emocionantes da história, em que três equipes sonhavam com o título. O Eintracht Frankfurt liderou durante grande parte do primeiro turno e recuperou o topo na reta final. O Borussia Dortmund ocupou a ponta em parcela do segundo turno. Já o Stuttgart se mantinha por perto, mas só tinha ficado na dianteira em dois finais de semana. Os resultados da penúltima rodada levaram a uma situação alucinante: os três concorrentes chegaram ao último compromisso com 50 pontos. O Frankfurt e Stuttgart empataram naquele momento, o que permitiu que o Dortmund encostasse. Entretanto, a tabela estava a favor do Eintracht, com seis gols a mais no saldo que os alvirrubros e 18 a mais que os aurinegros. Quando apenas dependia de si, o Frankfurt de Andreas Möller e Tony Yeboah sucumbiu. Pegou o Hansa Rostock lutando contra o rebaixamento e perdeu na antiga Alemanha Oriental por 2 a 1. O resultado não salvou os hanseáticos, mas derrubou as Águias para a terceira colocação. A Salva de Prata ficou nas mãos do Borussia Dortmund por um tempo. Stéphane Chapuisat abriu o placar logo aos nove minutos e confirmou o 1 a 0 sobre o Duisburg, o que era suficiente com os tropeços dos rivais. Entretanto, se o Frankfurt não reagiu, o Stuttgart foi capaz de uma grande virada para levar o troféu. Os suábios pegavam o quarto colocado Leverkusen fora de casa e tomaram o primeiro gol. O empate, num pênalti de Fritz Walter, saiu aos 43 da etapa inicial. Já a virada por 2 a 1 se consumou aos 43 do segundo tempo, com um gol do ídolo Guido Buchwald. Assim, o Stuttgart foi campeão no saldo sobre o Dortmund. Christoph Daum treinava a equipe campeã, que ainda reunia Matthias Sammer, Eike Immel e Michael Frontzeck, além do capitão Buchwald.
1992/93: O Bremen dá o troco e passa o Bayern no finalzinho
A temporada 1992/93 pareceu resgatar os anos 1980 na Alemanha. Afinal, a Salva de Prata voltava a ser disputada por Bayern de Munique e Werder Bremen. Treinados por Erich Ribbeck, os bávaros lideraram da primeira até o começo da antepenúltima rodada. Foi quando aconteceu a ultrapassagem no topo da tabela, com uma forcinha do Karlsruher. O time do jovem Oliver Kahn bateu os bávaros por 4 a 2 em casa. Melhor para o Bremen, ainda dirigido por Otto Rehhagel, que sapecou 4 a 0 sobre o Saarbrücken. Na penúltima rodada, o Bayern fez 3 a 1 no Bochum e o Bremen atropelou o rival Hamburgo com um 5 a 0 no clássico. Foi um resultado estupendo também porque os dois primeiros colocados foram à última rodada com os mesmos 46 pontos, mas os Papagaios passaram à frente com um gol a mais no saldo. Havia uma corrida paralela, com os dois atuando fora de casa. Porém, só o Bremen fez sua parte. Os Verdes visitaram o Stuttgart, numa campanha de meio de tabela após o título, e ganharam por 3 a 0. Bernd Hobsch fez dois gols e deu a assistência para Thomas Wolter, num placar construído durante o segundo tempo. Em nenhum momento os alviverdes deixaram a liderança, com os 3 a 3 do Bayern contra o Schalke. Os Azuis Reais abriram o placar, tomaram o empate e retomaram a dianteira. Os bávaros perdiam até os 28 do segundo tempo, quando viraram com dois gols em dois minutos. Todavia, ainda precisavam fazer saldo e acabaram tomando o terceiro no final. O Werder Bremen terminou um ponto à frente. Rehhagel comandava bons nomes como Oliver Reck, Rune Bratseth, Andreas Herzog, Mirko Votava, Dieter Eilts, Wynton Rufer, Marco Bode e Klaus Allofs.
1993/94: O Kaiser garante mais um troféu para o Bayern
Aquela temporada teve muitas alternâncias na liderança. O Eintracht Frankfurt ocupou a ponta em parte do primeiro turno e derreteu. O Leverkusen, outro líder pontual, também perdeu fôlego. Isso permitiu que o Bayern de Munique surgisse na frente durante as 12 partidas finais. Sua ameaça era o Kaiserslautern, que pegou embalo na reta decisiva. Com o empate do Bayern por 1 a 1 contra o Karlsruher e a vitória do Kaiserslautern por 2 a 0 sobre o Dortmund, os bávaros partiram à rodada final com um ponto de vantagem e três gols a mais de saldo. A conquista do Bayern se cumpriu com os 2 a 0 sobre o Schalke no Estádio Olímpico, gols de Matthäus e Jorginho. De nada valeu o sexto triunfo consecutivo do Kaiserslautern, 3 a 1 na visita ao Hamburgo. O Bayern tinha um velho conhecido na casamata: Franz Beckenbauer, que substituiu Erich Ribbeck em dezembro. Já a equipe campeã se valia de talentos como Matthäus, Raimond Aumann, Thomas Helmer, Olaf Thon, Christian Ziege, Mehmet Scholl, Marcel Witeczek e Bruno Labbadia. Existia ainda um grupo expressivo de sul-americanos, com Jorginho, Adolfo “Tren” Valencia e Mazinho Oliveira.
1994/95: Schalke e Bayern ajudam o Dortmund a quebrar o jejum
O Borussia Dortmund tinha sido o último campeão alemão antes do advento da Bundesliga, em 1963. Desde então, os aurinegros esperavam seu momento na competição, o que começou a se concretizar no início dos anos 1990. A partir da chegada do técnico Ottmar Hitzfeld, o BVB emendou três campanhas entre os quatro primeiros, até conquistar a Salva de Prata em 1994/95. E seria uma campanha emocionante, em corrida com o Werder Bremen. O Dortmund liderou grande parte do campeonato, mas deixou a dianteira na derrota durante a visita a Bremen, com os concorrentes passando um ponto à frente. Os Papagaios tinham mais cinco jogos e ganharam os dois primeiros, até que uma derrota por 4 a 2 diante do Schalke auxiliasse o rival Dortmund na antepenúltima rodada – especialmente porque os aurinegros vinham de dois empates. Os dois candidatos à taça venceram o penúltimo compromisso: Bremen 2 a 1 no Karlsruher e Dortmund 3 a 2 no Duisburg, num jogo em que tomaram os dois primeiros gols e arrancaram a virada. Desta forma, o Bremen partia ao último compromisso com um ponto à frente e também um gol a mais no saldo. O time de Otto Rehhagel, entretanto, mais uma vez falhou na Hora H. Quem auxiliou? O sexto colocado Bayern de Munique, que fez 3 a 1 sobre os alviverdes no Estádio Olímpico durante a rodada final. Aquela foi a despedida de Rehhagel após 14 anos no Bremen e, ironicamente, ele assumiu o Bayern na temporada seguinte. Já o Dortmund se coroou depois de 32 anos, com os 2 a 0 sobre o Hamburgo, gols de Andreas Möller e Lars Ricken no Westfalenstadion. Campeão com um ponto à frente, o BVB partiria ao bi e ao título da Champions nas duas temporadas seguintes. Era um timaço com Matthias Sammer, Júlio César, Michael Zorc, Stefan Reuter, Andreas Möller, Steffen Freund, Lars Ricken, Karl-Heinz Riedle e Stéphane Chapuisat.
1999/00: O Unterhaching derruba o Leverkusen e faz o Bayern campeão
Depois de temporadas resolvidas por antecipação, nas primeiras edições com três pontos por vitória, a Bundesliga voltou a ganhar muita emoção na rodada final de 1999/00. O Bayern de Munique era o time a ser batido, com um dos elencos mais fortes de sua história. O Bayer Leverkusen de Christoph Daum, porém, também reunia ótimos valores e ensaiava um título inédito. Os Aspirinas vinham em crescente e conseguiram ultrapassar o Bayern na liderança durante as semanas finais, muito graças à derrota dos bávaros no dérbi contra o 1860 Munique. Com os dois times brigando vitória a vitória, o Leverkusen ainda assim entrou na rodada final com uma vantagem de três pontos. Precisaria só de um empate, com o Bayern dependendo de um milagre, apesar do saldo de gols superior. Pois a loucura aconteceu, com uma reviravolta inacreditável. O Bayern fez sua parte logo nos 3 a 1 contra o Werder Bremen, com dois gols de Carsten Jancker e outro de Paulo Sérgio antes dos 20 minutos. A grande surpresa ficou o inexpressivo Unterhaching, estreante na primeira divisão e situado numa cidadezinha bávara de 25 mil habitantes. Os azarões, mesmo sem pretensões no meio da tabela, deram o título aos conterrâneos graças aos 2 a 0 sobre o Leverkusen. Um gol contra de Ballack abriu o placar no Sportpark e Markus Oberleitner ampliou no segundo tempo. Nem o poder de fogo de Ulf Kirsten, Bernd Schneider, Oliver Neuville, Zé Roberto e Paulo Rink auxiliou os Aspirinas. O Bayern campeão no saldo reunia Oliver Kahn, Bixente Lizarazu, Patrik Anderson, Paulo Sérgio, Stefan Effenberg, Mehmet Scholl, Hasan Salihamidzic, Roque Santa Cruz, Élber e Carsten Jancker, com Ottmar Hitzfeld no comando.
2000/01: O Bayern tira o título do Schalke aos 49 do segundo tempo
Se o título anterior do Bayern parecia suficientemente emocionante, a loucura conseguiu ser ainda maior na temporada seguinte, em 2000/01. Em busca do tricampeonato nacional, os bávaros lideraram durante boa parte do tempo. Quem incomodava desta vez era o Schalke 04, que compartilhou a primeira colocação durante a reta decisiva. Os Azuis Reais chegaram a tomar a dianteira no fim de abril, graças à vitória por 3 a 1 no Estádio Olímpico de Munique, com três gols de Ebbe Sand. O Schalke de Huub Stevens ficaria quatro partidas na ponta, até perder seu penúltimo compromisso, no 1 a 0 do Stuttgart arrancado aos 45 do segundo tempo. O Bayern ganhou do Kaiserslautern por 3 a 1 e abriu três pontos de vantagem na primeira colocação antes da rodada final. A esperança do Schalke era o saldo de gols superior. O Unterhaching, brigando contra o descenso, também estava envolvido desta vez. Era o adversário do Schalke no Parkstadion. Já o Bayern visitava o Hamburgo, na parte inferior da tabela, mas sem riscos. A partida em Gelsenkirchen foi uma emoção só. O Unterhaching abriu dois gols de vantagem e o Schalke empatou antes do intervalo. Os bávaros voltaram à frente no meio do segundo tempo, antes que os Azuis Reais confirmassem a virada por 5 a 3, com três gols nos 25 minutos finais. O Bayern ainda se mantinha à frente na classificação, graças a um empate sem gols que se arrastava no Volksparkstadion. Isso até que o Hamburgo, aos 45 do segundo tempo, abrisse o placar com Sergej Barbarez e botasse a Salva de Prata no colo do Schalke. A festa começava a se desatar em Gelsenkirchen, com invasão de campo pelo título que não vinha desde 1958. Nada estava resolvido ainda. A 20 segundos do apito final no Volksparkstadion, o goleiro Mathias Schober (ironicamente emprestado pelo Schalke) pegou um recuo de bola na área do Hamburgo. O Bayern ganhou um tiro livre indireto e, aos 49 do segundo tempo, Patrik Andersson mandou uma sapatada para o gol do empate por 1 a 1. O gol do título dos bávaros, um ponto à frente na tabela. Os tricampeões de Ottmar Hitzfeld conseguiam um milagre inenarrável, numa temporada em que também conquistaram a Champions. As cenas em Gelsenkirchen eram da mais pura desolação.
2001/02: O Dortmund vira no final e frustra o Leverkusen (de novo)
A Bundesliga chegou à terceira temporada consecutiva para a decisão na rodada final. Desta vez, com três times sustentando suas chances de título. O Bayern de Munique corria por fora pelo tetra, numa campanha em que teve uma péssima virada de turnos – com direito aos 5 a 1 do Schalke em Gelsenkirchen. A liderança ficou mais tempo com o Bayer Leverkusen, de Klaus Toppmöller e grande elenco. Os Aspirinas chegaram a golear o Borussia Dortmund por 4 a 0 no confronto direto no meio de fevereiro, o que garantiu a dianteira na tabela, e chegaram a abrir quatro pontos de vantagem com mais quatro rodadas restantes. O problema é que o Leverkusen estava sobrecarregado, numa temporada em que também chegou à final da Champions. Já o Dortmund não teve problemas em conciliar a reta final da liga com a caminhada à decisão da Copa da Uefa. O Leverkusen perdeu seu antepenúltimo jogo e também o penúltimo, diante de Werder Bremen e Nuremberg. Ao mesmo tempo, o BVB derrotou o Colônia por 2 a 1 aos 44 do segundo tempo e o Hamburgo num emocionante 4 a 3. Desta maneira, o Dortmund reassumiu a liderança ao fim da penúltima rodada, com 67 pontos. O Leverkusen tinha 66 e dez gols a mais de saldo, enquanto o Bayern não desistia, com 65 pontos e um gol a mais no saldo que os Aspirinas. O Bayern até derrotou o Hansa Rostock por 3 a 2, mas quem chegou a sentir o gosto do título foi o Leverkusen. Os Aspirinas abriram o placar contra o Hertha Berlim aos 10 minutos, com Michael Ballack, e assumiram a liderança naquele momento. Ballack ainda ampliou, em placar que se fecharia com os 2 a 1 na BayArena. Enquanto o Leverkusen fazia sua parte, a missão de secar o Dortmund dava certo. O Werder Bremen abriu o placar com Paul Stalteri no Westfalenstadion e mesmo o empate de Jan Koller no fim do primeiro tempo não era suficiente. O BVB só confirmou o título aos 29 do segundo tempo, com um cruzamento de Dedê para o gol de Ewerton, que acabara de sair do banco e selou a vitória por 2 a 1. O Leverkusen ficou chupando o dedo de novo, numa temporada em que foi vice das três competições que disputou. O Dortmund perdeu a Copa da Uefa, mas a Bundesliga era sua com um ponto a mais. Matthias Sammer era um técnico experimentado no drama das rodadas finais. Seu time elencava Jens Lehmann, Stefan Reuter, Jürgen Kohler e Lars Ricken, além da conexão tcheco-brasileira, com o quarteto Dedê, Evanílson, Amoroso e Ewerthon acompanhado por Tomás Rosicky e Jan Koller.
2006/07: Dortmund bate o Schalke e abre caminho para o Stuttgart
A Bundesliga 2006/07 foi uma das mais emocionantes desse século, até pelo fator imprevisibilidade. Foi a única vez em que o Bayern não conseguiu a classificação para a Champions League no período. A disputa pelo título tinha um trio de candidatos. O Werder Bremen começou melhor e liderou a maior parte do primeiro turno, mas caiu na virada do ano e já não tinha mais chances na rodada final. A briga ficou entre dois. Com os jovens Manuel Neuer e Mesut Özil, o Schalke assumiu a primeira colocação e continuou no topo por 13 rodadas seguidas, com a perseguição do Stuttgart. Os Azuis Reais chegaram a abrir sete pontos em relação aos suábios com a vitória no duelo de março. A partir de então, o Stuttgart só soube o que era vencer, enquanto o Schalke oscilava mais. O momento decisivo aconteceu na penúltima rodada, quando houve a ultrapassagem. O Stuttgart ganhou fora de casa do Bochum por 3 a 2, num jogo no qual esteve atrás no placar duas vezes. Mais notável, o Schalke perdeu o clássico contra o Borussia Dortmund por 2 a 0 no Signal Iduna Park, gols de Alex Frei e Ebi Smolarek. O auxílio dos aurinegros botou o Stuttgart na dianteira, com 67 pontos, contra 65 do Schalke. Os Azuis Reais tinham que vencer, torcer por um tropeço dos suábios e, em caso de empate, ainda tirar três gols de diferença no saldo. Não deu. O Schalke fez rápido seu resultado com os 2 a 1 sobre o Arminia Bielefeld. Já o Stuttgart buscou a virada por 2 a 1 na Mercedes-Benz Arena diante do Energie Cottbus. Sergiu Radu deixou os visitantes em vantagem, o que colocou o Schalke por um momento na liderança, até Thomas Hitzlsperger empatar aos 27 minutos. Por fim, Sami Khedira marcou o gol do título no segundo tempo. Armin Veh treinava aquele Stuttgart. Cacau e Mario Gómez estrelavam o ataque do time que também reunia Sami Khedira, Timo Hildebrand, Fernando Meira, Serdar Tasci, Pavel Pardo, Thomas Hitzlsperger e Marco Streller.
2008/09: Com quatro vivos, Wolfsburg dá show e sela a festa inédita
Pela primeira e única vez em sua história, a Bundesliga chegou à rodada final com quatro times em busca do título. Era uma temporada extremamente equilibrada, especialmente porque três equipes que ocuparam a liderança em parte considerável da caminhada (Hoffenheim, Hamburgo e Leverkusen) tinham ficado para trás. O Hertha Berlim, que havia ocupado a dianteira em parte do segundo turno, era um dos concorrentes. Também estavam equipes mais badaladas de Bayern e Stuttgart, os dois últimos campeões. Mas quem tomou a primeira colocação de assalto foi o Wolfsburg, atrás de seu primeiro título. Os Lobos estavam na nona posição ao final do primeiro turno, a nove pontos do Hoffenheim no topo. Ganharam dez partidas seguidas no início do returno e saltaram à liderança. O jogo que deu a ponta foi a inesquecível goleada por 5 a 1 sobre o Bayern na Volkswagen Arena no início de abril, com show de Grafite. Depois disso, os alviverdes ainda sofreram derrotas para Energie Cottbus e Stuttgart, mas entraram na rodada final com 66 pontos. O Bayern se recuperava após a saída de Jürgen Klinsmann e a chegada interina de Jupp Heynckes, com 64, mesma pontuação do Stuttgart. O Hertha corria por fora com 63. O Wolfsburg ainda tinha sete gols de saldo a mais que o Bayern e 14 a mais que o Stuttgart, que faziam um confronto direto. Se um empate já parecia suficiente aos Lobos, eles preferiram confirmar o título com goleada: 5 a 1 sobre o Werder Bremen. Grafite fez dois, enquanto os parceiros Edin Dzeko e Zvjezdan Misimovic deixaram os seus – com um gol contra de Sebastian Prödl completando o placar. O Bayern ficou em segundo, com os 2 a 1 sobre o Stuttgart, e o Hertha foi goleado pelo rebaixado Karlsruher. O Wolfsburg chegava ao título inédito com o brilhantismo do trio Grafite-Dzeko-Misimovic, além de talentos como Josué, Christian Gentner, Makoto Hasebe, Andrea Barzagli e Diego Benaglio. Felix Magath era o técnico.
2009/10: Schalke tenta, mas a confirmação do Bayern é moleza
O Bayern de Munique se reergueu a partir da chegada de Louis van Gaal em 2009/10. O treinador levou um tempo para engrenar, mas recolocou os bávaros nas cabeças. O time que mais tempo ficou na liderança naquela temporada foi o Bayer Leverkusen, dirigido por Jupp Heynckes, mas o ótimo rendimento no primeiro turno despencou no segundo. O Bayern passou à frente no início de março e ficou quase o tempo todo na primeira colocação durante a reta final, exceto por uma rodada em abril, quando o Schalke teve o gosto. O problema dos Azuis Reais é que logo veio o confronto direto e o Bayern ganhou por 2 a 1 em Gelsenkirchen. Depois disso, os bávaros não mais perderam. As duas equipes ainda chegaram a ficar igualadas em pontos na antepenúltima rodada, com o empate do Bayern contra o Gladbach, mas o Schalke perdeu o jogo seguinte para o Werder Bremen em casa e permitiu que o Bayern deslanchasse ao derrotar o Bochum. O time de Louis van Gaal entrou na última rodada com três pontos a mais e vantagem de 17 gols no saldo, tornando a confirmação da conquista mera formalidade. Teve a vitória contra o rebaixado Hertha Berlim no Estádio Olímpico, por 3 a 1. Arjen Robben fez dois e deu a assistência para Ivica Olic no outro. O Schalke acabou cinco pontos atrás, ao empatar com o Mainz 05. Aquele Bayern, também vice da Champions, tinha Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger, Thomas Müller, Franck Ribéry, Arjen Robben, Mark van Bommel, Ivica Olic e Miroslav Klose entre seus figurões.
2018/19: Dortmund desintegra nos clássicos e o Bayern é hepta
A partir de 2010/11, a Bundesliga conviveu com campeões que nadaram de braçada. Foi assim no bicampeonato do Borussia Dortmund com Jürgen Klopp e em nove dos últimos dez títulos do Bayern de Munique. A única vez desde então que a definição ficou para a última rodada foi na temporada 2018/19. O Dortmund chegou a dar pinta de que poderia interromper a hegemonia dos rivais, numa campanha estrelada por Marco Reus, Jadon Sancho e Paco Alcácer. Os aurinegros ficaram 19 rodadas na liderança, mas passaram a abusar dos tropeços. Os dois times disputavam a liderança cabeça a cabeça, no saldo, até o final de março. A traulitada do Bayern aconteceu no confronto direto, com os 5 a 0 na Allianz Arena – mais cruel ainda, com dois gols de Robert Lewandowski e um de Mats Hummels. Os bávaros até tiveram alguns empates na reta final. O BVB, contudo, não se ajudou. A quatro rodadas do fim, o time perdeu o dérbi contra o Schalke por 4 a 2 em casa, de virada. Depois, cedeu o empate por 2 a 2 contra o Werder Bremen quando vencia por dois gols de diferença. Até venceu o Fortuna Düsseldorf no penúltimo compromisso, quando o Bayern empatou sem gols contra o RB Leipzig. De qualquer forma, os alvirrubros entraram na última rodada com dois pontos a mais e vantagem de 17 no saldo. O título veio com a vitória por 5 a 1 sobre o Frankfurt na Allianz Arena, incluindo gols de Ribéry e Robben para fechar a contagem – ambos se despedindo do clube. Pouco valeu o melancólico 2 a 0 do Dortmund sobre o Gladbach. O Bayern de Niko Kovac foi campeão com dois pontos a mais, reunindo ainda Robert Lewandowski, Serge Gnabry, Leon Goretzka, Joshua Kimmich, Kingsley Coman, Thiago Alcântara e Thomas Müller entre os principais valores.
A história completa das edições da Bundesliga decididas na rodada final - Trivela
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