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Thursday, December 29, 2022

Santos, Vasco ou Corinthians: para qual time Pelé torcia? - Globo.com

Pelé fez história como o maior jogador de futebol de todos os tempos vestindo as camisas do Santos e da seleção brasileira, mas carregou outros amores no coração ao longo da vida, encerrada nesta quinta-feira, aos 82 anos.

— O time do meu coração sempre foi o Vasco. Eu gostei muito do Vasco, gosto muito do Vasco. Não tenho nada contra o Corinthians, mas não era (o time de coração). O meu irmão, inclusive, quando a gente jogava botão, às vezes sobrava o time do Palmeiras ou do Corinthians, e meu irmão sempre pegava o Palmeiras, ele era palmeirense. Às vezes, joguei quando garoto com o time de botão de nome Corinthians, mas se tivesse que escolher na época, eu escolheria Vasco — disse Pelé.

Pelé com a camisa do Vasco: três jogos em 1957 e relação desde criança — Foto: Reprodução

Pelé com a camisa do Vasco: três jogos em 1957 e relação desde criança — Foto: Reprodução

O apelido Pelé, aliás, surgiu porque amigos não entendiam o menino quando ele gritava ao fazer defesas jogando como goleiro. Ele fazia referência a "Bilé", goleiro do Vasco de São Lourenço-MG, clube no qual o pai Dondinho atuou.

Corintiano?

Alguns amigos de infância garantem também que o Rei era corintiano na infância. Pelé chegou a Bauru, no interior de São Paulo, com apenas quatro anos e passou o fim dos anos 1940 e início dos 1950 convivendo com bons momentos da história do Corinthians. O clube foi vice-campeão estadual em 1945, 46 e 47, mas voltou a ficar com o título em 51 e 52.

Pelé em partida entre Santos e Corinthians em 1969 — Foto: Getty Images

Pelé em partida entre Santos e Corinthians em 1969 — Foto: Getty Images

Nesse período, o craque já encantava nos campos de várzea da cidade e buscava inspiração em um goleador alvinegro: Baltazar, apelidado de Cabecinha de Ouro.

— Ele era corintiano, sim. Eu também era e ainda sou. Ele era também muito fã do Baltazar. Todo gol que fazia de cabeça, saía gritando que era gol do Baltazar — contou Raul Marçal da Silva, melhor amigo de infância do Rei, em entrevista ao ge em 2010.

A década de 50 continuou recheada para os corintianos. Em 1954, o Timão ficou com o título paulista, correspondente ao quarto centenário de São Paulo. Pelé, já um mito entre os garotos bauruenses por seus feitos com a bola, vibrou com a conquista.

— Nós estávamos saindo de um jogo do Noroeste quando alguém gritou que o Corinthians tinha sido campeão. Nós saímos pulando pela rua, comemorando – revelou Raul.

Os anos de dedicação e o sucesso estrondoso obtido no Santos fizeram o jogador deixar de lado o carinho pelo Corinthians. Mais que isso, virou carrasco. Foi ele o maior responsável pelo histórico jejum de quase 11 anos sem vitórias do Timão sobre o Peixe, quebrado apenas em 1968.

— Prefiro não falar sobre isso. O Pelé jamais gostou quando alguém dizia que ele era corintiano – desconversou Aniel Chaves, delegado aposentado e ex-colega dele nos tempos de Bauru Atlético Clube.

Pelé, porém, aprendeu a amar outro Alvinegro. Os gols de Baltazar, festejados pelas ruas de Bauru, viraram inspiração para que ele se transformasse no maior astro da história do futebol e conquistasse o carinho de milhões de santistas.

— Se eu tivesse virado ídolo do Santos, também não seria mais corintiano – completou Raul.

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