O Vasco marcou, para a manhã de hoje (20), um debate sobre a sociedade anônima do futebol (SAF). O evento, com divulgação nas redes oficiais do clube, terá transmissão da VascoTV. O assunto tem gerado discussões tanto dentro quanto fora dos muros de São Januário, está bem longe de ser unanimidade, e aponta também uma mudança na visão da gestão sobre o tema.
Um dos intuitos do debate é "familiarizar a torcida" com a questão. Porém, ainda durante a campanha presidencial — o pleito aconteceu em novembro de 2020 —, Jorge Salgado, atual presidente, se mostrava contrário à ideia de clube-empresa, citando que o Cruz-Maltino ainda tinha muito potencial econômico a explorar.
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"Acho que, como temos uma torcida muito grande, e a gente ainda não explorou quase nada disso [exemplos citados anteriormente sobre a torcida], não vejo a necessidade ainda de o Vasco se transformar em um clube-empresa. Clube-empresa é quando você é um clube associativo sem nenhuma perspectiva de melhora, com finanças completamente deterioradas, uma torcida relativamente pequena... Então, acho que não é o nosso caso", disse, em entrevista ao canal do Rica Perrone.
Nos últimos meses, a diretoria realizou movimentações em prol da mudança. Um dos fatores na guinada de rumo foi justamente a lei da SAF, aprovada em agosto de 2021. Na interpretação da atual diretoria, as novas regras, implementadas no decorrer do primeiro ano de mandato, podem gerar benefício ao clube.
"É consenso que a nova legislação federal que criou a SAF abre oportunidades muito interessantes para os clubes e que o Vasco deve acelerar esses estudos e debatê-los internamente", diz trecho de recente nova oficial do clube.
Por outro lado, há ainda muitas dúvidas sobre o processo que está sendo colocado à mesa, e diversos atores políticos — não apenas opositores — exigem transparência e explicações detalhadas sobre o projeto, que após ficar pronto, ainda precisa ser aprovado pelo Conselho Deliberativo.
O tom de urgência utilizado sobre o tema, e o fato de a SAF, atualmente, ser apontada como única solução também têm gerado bastante incômodo em atores políticos do clube. Alguns, inclusive, lembram que, na ocasião da campanha, diversas propostas foram apresentadas e o "clube-empresa" nem sequer foi discutido pela "Mais Vasco" como um dos caminhos a ser seguido.
Além disso, há a indicação de que o projeto ainda carece de discussões quanto a inúmero critérios técnicos — com questões que envolvem até mesmo os credores — e o que ele pode acarretar ao futuro do Cruz-Maltino. Vale ressaltar a Diretoria Administrativa formalizou um pedido aos Conselhos Deliberativo e de Beneméritos para para transformar o futebol do clube em empresa apenas no fim de novembro.
Um ponto que também gera desconforto está relacionado à outra promessa de campanha. A "Mais Vasco", chapa encabeçada por Salgado, apontou como um problema a "pouca representatividade dos interesses de sócios no centro da tomada de decisões", e indicou que fomentaria uma participação maior dos sócios, inclusive, com "possibilidade de eleições à distância", "incentivando maior engajamento da torcida com o clube". A depender do caminhar do projeto da SAF, tal promessa sofrerá mudanças profundas.
Até aqui, alguns nomes de investidores foram apontados como possíveis interessados no Vasco, sendo um deles foi a empresa americana "777 Partners", que é dona do Genoa, da Itália, e de outras equipes, além de ter participação minoritária de 15% no Sevilla, da Espanha.
O Cruz-Maltino, recentemente, contratou a empresa de auditoria e consultoria KPMG, para valorar o projeto, e o escritório de advocacia Veirano, para estudar toda a parte jurídica.
Vasco: gestão muda visão de campanha sobre SAF, e avança em debate do tema - UOL
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